quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Leitura: Memorial de Aires (1908) - Machado de Assis





Refeição Cultural

Olá amig@s leitores e apreciadores de literatura,

Meu período de leituras nas férias está acabando. Como é prazerosa a leitura de literatura! Principalmente quando feita ao sabor de projetos e percursos literários montados para nos levar a certos tipos de reflexões.

Para este mês de janeiro de 2017, planejei terminar a leitura de ao menos um ou dois livros que já vinha lendo há tempos. Também escolhi ler algum autor estrangeiro e leitores brasileiros do Nordeste. Por fim, faria a leitura de algo mais que aparecesse ao bel-prazer.

Hoje, completei um de meus percursos machadianos: finalizei a leitura de Memorial de Aires, o último romance publicado pelo Bruxo do Cosme Velho, pouco antes de falecer.

Agora, posso dizer que li todos os romances de Machado. Dias atrás, vi um texto alegando que há um décimo romance, descoberto e publicado décadas depois de sua morte, mas formalmente estes são os romances:

- Ressurreição (1972)
- A Mão e a Luva (1974)
- Helena (1876)
- Iaiá Garcia (1878)
- Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)
- Quincas Borba (1891)
- Dom Casmurro (1899)
- Esaú e Jacó (1904)
- Memorial de Aires (1908)

Boa parte desses romances saiu primeiro em folhetins, durante meses, para depois sair editada como livros. O autor também publicou centenas de contos ao longo de sua vida. Eu já li vários e continuo na busca de ler todos eles.

O Memorial de Aires é bastante autoral. Machado estava vivendo os últimos anos de sua vida e havia perdido sua esposa pouco antes da publicação. Um amor e companheirismo de quase 35 anos. Em vários momentos, vemos Machado falando através do velho e aposentado Conselheiro Aires.

Quando fui atrás de meu volume para ler (tenho a coleção da Editora Globo, 1997) estava decidido a reler postagens de meus blogs e me bateu uma vontade de ler este romance, pois já conhecia o enredo do livro em formado de diário.

Uma questão bem interessante para quem gosta de história do Brasil é o período abordado neste romance: os anos de 1888 e 1889, no Rio de Janeiro de fim de escravidão e Império. O cenário é pano de fundo das memórias e reflexões do Conselheiro Aires.

Diferente de alguns livros que comentamos aqui, com edições esgotadas, este romance é facilmente encontrado em sebos, até por 5 reais.


FRASES MACHADIANAS

Uma das coisas que adoro são as construções sintáticas e estilísticas de Machado. Exemplos:

- "Já meu cunhado dizia que era seu costume dela, quando queria alguma cousa"

- "e aconselhou-me a ir cumprimentá-los por ocasião das festas aniversárias"

ou

- "Não teve irmãos, mas a afeição fraternal estaria incluída na amical, em que se dividia também"

e ainda:

- "O abraço que lá contei atrás fê-me bem; foi sincero"


OLHA O NOSSO BANCO DO BRASIL

"Lá achei Fidélia, um primo desta, filho do desembargador, aluno da Escola de Marinha (16 anos) e um empregado do Banco do Brasil"


MACHADO PREVIU AS REDES SOCIAIS COMO FACEBOOK E INSTAGRAM

"Eu gosto de ver impressas as notícias particulares, é bom uso, faz da vida de cada um ocupação de todos. Já as tenho visto assim e não só impressas, mas até gravadas. Tempo há de vir em que a fotografia entrará no quarto dos moribundos para lhes fixar os últimos instantes; e se ocorrer maior intimidade entrará também"


FAUSTO, DE GOETHE

"Ainda uma vez concordou que era eu, mas emendou em parte, dizendo que a nossa aposta é que ela casaria comigo, e citou a aposta entre Deus e o Diabo a propósito de Fausto, que eu lhe li aqui em casa no texto de Goethe"


O MEMORIAL, HÁ QUE SE CONTINUAR

"Não quero acabar o dia de hoje sem escrever que tenho os olhos cansados, acaso doentes, e não sei se continuarei este diário de fatos, impressões e ideias. Talvez seja melhor parar. Velhice quer descanso. Bastam já as cartas que escrevo em resposta e outras mais..."

(...)

"Qual! Não posso interromper o Memorial; aqui me tenho outra vez com a pena na mão. Era verdade, dá certo gosto deitar ao papel cousas que querem sair da cabeça, por via da memória ou da reflexão. Venhamos novamente à notação dos dias"


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Termino a postagem com o mesmo dito pelo Conselheiro Aires em relação ao Blog (Memorial). Dá vontade de interromper o trabalho das postagens, mas temos que registrar o que nos vem à cabeça e o que pensamos dos fatos e acontecimentos. 

Sigamos as notações...

William
Um leitor

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