domingo, 28 de fevereiro de 2016

O velho e o mar, Hemingway (5ª leitura)





Refeição Cultural

"As aves têm uma vida mais dura do que a nossa, excetuando as aves de rapina e as mais fortes. Por que existiriam aves tão delicadas e tão frágeis, como as andorinhas-do-mar, se o mar pode ser tão violento e cruel? O mar é generoso e belo. Mas pode tornar-se tão cruel e tão rapidamente, que aves assim, que voam mergulhando no mar e caçando com as suas fracas e tristes vozes, são demasiado frágeis para enfrentá-lo" (Santiago, pensando no momento em que uma andorinha cansada pousou na linha tesa)



Reli neste fim de semana, a obra clássica de Ernest Hemingway, O velho e o mar (1952).


Cada leitura, um contexto, um momento de vida. O leitor é outro a cada volta ao clássico. Essa obra me toca profundamente há muito tempo. O personagem Santiago é a representação de cada pessoa humilde dos povos explorados do mundo. 


Santiago é minha tia Alice, é minha avó, minha mãe e pai. Santiago sou eu. Somos nós que vivemos do trabalho, explorados pelos contextos no mundo onde os capitalistas, herdeiros de herdeiros de herdeiros, comem banquetes e jogam fora os peixes comprados a preço de nada de pescadores, que passam fome.


Santiago é cada ser de fé que sabe que a vida simplesmente é e que tem que acordar e sair e lutar e enfrentar o mundo, seja com sua simplicidade de visão das coisas ou não, e viver é uma questão de seguir.


Hoje, neste fim de semana, uma parte da leitura me tocou profundamente: o mantra sincero do velho Santiago clamando que gostaria que o garoto Manolin estivesse com ele em alto-mar. E hoje nosso filho foi embora, fazer-se na vida, estudar e buscar realizações e sua felicidade. Ficamos nós em casa e creio que nosso mantra será como o de Santiago... queria que o garoto estivesse aqui...


Sempre penso no velho Santiago quando estou enfrentando "o mundo" em meu trabalho, na política, nas crises, quando sou atacado de forma vil nos bastidores de meu mundo. O velho Santiago não tem escolha em sua jornada de vida, a não ser enfrentar a natureza e as crises da vida, mesmo que seja crise de azar, e faz o que deve ser feito.


O velho Santiago é um grande exemplo pra mim há muito muito tempo.


A vida segue todo dia. A gente vive e enfrenta o amanhã com o que sobrou de ontem. Não tem outro jeito.


É algo a se espelhar, o velho Santiago e aquele mundo mar.


William



Post Scriptum:


Há uma semana, após uma jornada intensa de lutas como toda semana, tive uma reação física que me deixou quebrado, deve ter sido um choque de estresse. Levei a semana toda para voltar à normalidade, mas hoje já saí e corri no Eixão aqui em Brasília. Mas lancei o barco ao mar todos os dias, normalmente. Vamos para mais uma semana em busca do que defendemos no trabalho e na vida. O pescador tem que sair e pescar...


Ler AQUI postagem minha anterior sobre o livro.

2 comentários:

mefhystho disse...

Tem certos dias que penso que vivo trazendo o grande peixe, mas só chega o esqueleto na praia (sem querer ser depressivo). Mas isso deve acontecer com todo mundo, então voltemos ao mar todos os dias.

William Mendes disse...

Primo, sinto exatamente a mesma coisa. Mas como você disse, vamos nos lançar ao mar todos os dias...

Abraços, William