sábado, 28 de fevereiro de 2015

Corri meus 10k no Parque do Sabiá em Uberlândia



Vai uma água de coco aí? Olha o paizão ao fundo.

Refeição Cultural

Objetivos mantidos. Determinei a mim mesmo que vou correr o ano todo para tentar cuidar de minha saúde e para ter uma resistência guerreira e coração forte para enfrentar tudo o que tenho que enfrentar por causa do meu trabalho e minha missão política e de representação.

Pretendo participar de uma prova de corrida de rua por mês e/ou treinar meu corpo a ter resistência para estrear em uma meia maratona em 2015.



Em janeiro, participei de uma das provas mais emocionantes depois das corridas de São Silvestre. Corri os 10k da prova noturna do Costão do Santinho em Floripa - SC. Correr na areia fofa, entre dunas, foi algo para os fortes...

Hoje, corri 10 km no maravilhoso Parque do Sabiá, em Uberlândia - MG. Sou apaixonado por esse parque. Como gosto de emoções fortes, corri com temperatura a 30º e não foi fácil dar as duas voltas que planejei. Completei em 66 minutos o percurso. O que torna mais gostosa a sensação de realização na chegada. Com direito a tomar uma deliciosa água de coco e tudo.

Enquanto corria, defini que voltarei no final de abril ao Parque do Sabiá para tentar dar 3 voltas e correr 15 km para treinar para uma meia maratona.


Foto aérea do Parque do Sabiá. 
(Fonte: Correio de Uberlândia)

O Sabiá tem uma estrutura fantástica. O praticante corre entre árvores, um grande lago, bebedouros a todo instante disponíveis com água natural e gelada.

Feliz pela meta esportiva realizada neste mês.


Treinamento mantido em fevereiro

Treino 1 - dia 4 quarta................... 4 km em Osasco SP (noturna)

Treino 2 - dia 9 segunda.................4,5 km em Brasília DF 
(depois de um longo dia de debate nacional sobre a Cassi)

Treino 3 - dia 11 quarta..................5 km em Brasília DF (noturna)

Treino 4 - dia 14 sábado.................3 km em Osasco SP 

Treino 5 - dia 16 segunda...............4 km em Osasco SP (noturna)

Treino 6 - dia 19 quinta..................6 km em Brasília DF (noturna em 42')

Treino 7 - dia 22 domingo..............6 km em Brasília DF (Sol forte em 37')

Treino 8 - dia 28 sábado................10 km em Uberlândia MG (30º e em 66')

Corri 42,5 km no mês, mesmo com jornada extensa de trabalho com semanas de até umas 80 horas focadas no meu trabalho de gestão da Cassi.

É isso!

Próxima prova: Circuito de corridas da AABB SP dia 29 de março.

Correr é para os fortes e obstinados!

William Mendes

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Diário - 220215 (Envenenamento do povo)


(atualizado em 24/2/15 às 8:45h)


Refeição Cultural - O indivíduo e o seu entorno social

Reflexões sobre envenenamento...



Domingo chegando ao fim. Vamos para mais uma semana de trabalho.

Fiz uma boa corrida hoje. O dia estava agradável e com uma temperatura de 26º e com Sol. Puxei um pouco o ritmo no meu trote e realizei o mesmo percurso de 6 km de quinta à noite em 37' (naquela noite fiz em 41'30"). Fiquei feliz com o treino.


No momento do treinamento, conseguimos esquecer todos os problemas devido ao foco e concentração necessários.

Depois fui com minha esposa almoçar em um Shopping de Brasília.



O veneno se espalha no sangue do povo brasileiro



"Não, o efeito mais forte não foi provocado por discursos isolados, nem por artigos ou panfletos, cartazes ou bandeiras. O efeito não foi obtido por meio de nada que se tenha sido forçado a registrar com o pensamento ou a percepção conscientes. O nazismo se embrenhou na carne e no sangue das massas por meio de palavras, expressões e frases que foram impostas pela repetição, milhares de vezes, e foram aceitas inconsciente e mecanicamente. [...]"

Victor Klemperer, em LTI - A Linguagem do Terceiro Reich (1946)



Brasil: já se percebe nas ruas e nas pessoas, o efeito do veneno introduzido pela direita brasileira em conluio com a grande mídia monopolizada.

Revi no sábado o documentário "Arquitetura da Destruição" que aborda de uma forma diferente os objetivos de Hitler e do Nazismo. A abordagem é muito forte e muito interessante.


Também reli e li um pouco do livro LTI - A Linguagem do Terceiro Reich, do filólogo Victor Klemperer, judeu-alemão sobrevivente do Holocausto.


Tenho analisado a estratégia do Nazismo entre 1933 e 1945 (3º Reich) em utilizar-se da linguagem alemã para envenenar o povo daquele país contra os judeus e contra os outros povos da Europa. O uso dos meios de comunicação de massa, que era uma novidade com o rádio e o cinema, monopolizados pelo 3º Reich e seus empresários e empresas parceiros, convenceu toda a nação a seguir os ideais doentios e totalitários de Hitler.


No Brasil, desde a chegada à Presidência da República de Luiz Inácio Lula da Silva no início de 2003, a direita brasileira, representada pelas famílias bilionárias tradicionais, juntamente com seus veículos de comunicação de massas - a quase totalidade deles -, monopolizados desde décadas passadas, começaram uma estratégia de destruição e ataque tanto ao líder maior da esquerda brasileira, Lula da Silva, como também ao partido por ele criado e que o levou à presidência - o Partido dos Trabalhadores - PT.


Após uma estratégia de minar a imagem e o significado do PT ao longo da história, através do uso principalmente da linguagem e da construção exponenciada de escândalos na mídia golpista, alguns deles frutos de erros mesmo do Partido e a maioria sendo uma forçação de barra para atacar o PT e tentar evitar que o povo continuasse votando nele por causa dos resultados efetivos das políticas implantadas em plano nacional por Lula e depois por Dilma Rousseff, que fizeram o Brasil mudar radicalmente (para melhor) para o povo mais carente e necessitado dos efeitos das políticas públicas.


A distribuição das riquezas produzidas pelo povo brasileiro e as oportunidades geradas para dezenas de milhões de brasileiros em condições subumanas e miseráveis, fizeram com que o Brasil resistisse melhor, a partir de 2008, aos efeitos mundiais da maior crise do Capitalismo desde a crise de 1929.


Após as eleições presidenciais de 2010 e 2014, estabeleceu-se os efeitos da construção ideológica
 liderada pela mídia familiar monopolizada de que todos os males que existem e que não existem são culpa do PT e de seus líderes.

"Trata tudo de forma simplista... reduza todos a um denominador, junte-os e crie uma afinidade entre eles!" (Estratégia de Hitler contra o judaísmo)

"Judeu: na linguagem nazista, esta palavra ocupa um espaço ainda maior que 'fanático'. Mais frequente do que o substantivo 'judeu' é o adjetivo 'judaico', pois com o adjetivo consegue-se criar um elo que reduz todos os adversários a um único inimigo: a visão do mundo judaico-marxista, a barbárie judaico-bolchevista, o sistema de exploração judaico-capitalista, o interesse dos grupos judaico-ingleses e judaico-americanos na destruição da Alemanha." (p. 275)


Quando se lê e estuda o que o Nazismo fez com os judeus e o termo "judaísmo" é fácil perceber a estratégia adotada.


Hoje no Brasil, após uma década de massacre midiático totalitário, o termo "petismo" é usado da mesma forma que era o termo "judaísmo" no 3º Reich.


As barbaridades que tenho ouvido pessoas comuns falarem contra o PT vão da falta de água em São Paulo a ser culpa do PT as pessoas estarem fazendo mais filhos (?).

Poderia citar "n" comparações do livro de Klemperer para ilustrar, mas foi-se meu tempo de montar no Blog postagens super trabalhosas para disponibilizar ao público. Eu estou com três mil coisas para ler e fazer por meu mandato na Cassi e já não posso me dedicar a textos intelectuais e críticos de literatura.


É isso!


Vamos para mais uma semana de luta em prol da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil onde estou Diretor de Saúde eleito pelo corpo social.



Post Scriptum - Quebras de Unidade no seio dos trabalhadores


Ainda bem que eu tenho uma grande resistência em conviver com a tristeza. Estou vendo o contexto político no movimento social e de esquerda de onde venho e muito me entristece ver a quebra da unidade da classe trabalhadora, principalmente num dos momentos mais difíceis do projeto que o PT e a CUT ajudou o povo brasileiro a construir desde 1980.


Soube que houve mais uma tentativa frustrada de construção de uma chapa unitária em sindicatos de bancários da Contraf-CUT e da Central Única dos Trabalhadores. As pessoas em nosso meio parecem que perderam a capacidade de construir consensos em prol de projetos coletivos e de classe. Perdemos todos nós com isso. Que posso fazer? Me destinaram para outras missões e não tenho como contribuir para buscar unidade entre companheir@s que conheço dos dois lados dos rachas que estão ocorrendo.


Muito triste por tudo isso. Dediquei boa parte da minha vida ao movimento sindical bancário e cutista e contribuí para o que significa a organização nacional dos bancários brasileiros. Que pena ver tantas divisões e dissensos. Sigo minha missão na Cassi.


William Mendes

Escriturário do Banco do Brasil desde 1992, atualmente na função de Diretor de Saúde da Cassi (mandato 2014/18).

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Diário - 190215



Pensa um dia comum de trabalho muito muito cansativo.

O meu, na Caixa de Assistência (Cassi), foi assim neste 19/02. Foram cerca de 14 horas de trabalho.

A reunião da Diretoria Executiva e as tentativas de construção de consensos (e os dissensos) duraram longas horas.

Ao sair da Cassi depois das 21 horas, cheguei tão cansado ao apartamento que decidi colocar um tênis e sair no meio da noite para correr... eu não posso permitir que meu cansaço me vença.

Foram 6 km* em 41 minutos pelas ruas e calçadas irregulares de Brasília, Capital Federal da República Brasileira. 

Eu estou sentindo falta de fazer visitas às bases para conversar com os trabalhadores sobre a questão da sustentabilidade da Cassi e as propostas dos eleitos para manter e aumentar direitos em saúde, mas o momento está exigindo que eu passe todo o meu tempo lendo, estudando e defendendo os direitos dos associados da Caixa de Assistência nos debates internos da gestão compartilhada com o patrocinador Banco do Brasil.

Também estamos buscando apoio das entidades sindicais, associativas, Conselhos de Usuários e dos bancários e bancárias para conseguirmos abrir negociações com a direção do BB e encontrar uma solução para o desequilíbrio financeiro atual (solução de curto prazo) para poder aprofundar o modelo de Atenção Integral à Saúde que defendemos para o conjunto dos associados (médio e longo prazo).

Vamos dormir porque já vai dando uma e meia da manhã de sexta-feira 20.

A corrida me salvou hoje. Vou dormir bem, acredito.

É isso!

*(havia calculado 7k mas creio que foi 6k)

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Missa do Galo - Machado de Assis (1893)


Machado de Assis, em 1905.

Comentário do blog: esse é um dos contos famosos de Machado. Após a leitura, tem uma análise do Prof. Alcides Villaça (USP) muito interessante, publicado em caderno especial do Estadão em 2009. É para os amantes da leitura e da literatura.

(Publicado em Páginas Recolhidas, em 1899)



Missa do Galo

Nunca pude entender a conversação que tive com uma senhora, há muitos anos, contava eu dezessete, ela trinta. Era noite de Natal. Havendo ajustado com um vizinho irmos à missa do galo, preferi não dormir; combinei que eu iria acordá-lo à meia-noite.

A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão Meneses, que fora casado, em primeiras núpcias, com uma de minhas primas. A segunda mulher, Conceição, e a mãe desta acolheram-me bem, quando vim de Mangaratiba para o Rio de Janeiro, meses antes, a estudar preparatórios. Vivia tranquilo, naquela casa assobradada da rua do Senado, com os meus livros, poucas relações, alguns passeios. A família era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas. Costumes velhos. Às dez horas da noite toda a gente estava nos quartos; às dez e meia a casa dormia. Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões, a sogra fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se, saía e só tornava na manhã seguinte. Mais tarde é que eu soube que o teatro era um eufemismo em ação. Meneses trazia amores com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição padecera, a princípio, com a existência da comborça; mas, afinal, resignara-se, acostumara-se, e acabou achando que era muito direito.

Boa Conceição! Chamavam-lhe "a santa", e fazia jus ao título, tão facilmente suportava os esquecimentos do marido. Em verdade, era um temperamento moderado, sem extremos, nem grandes lágrimas, nem grandes risos. No capítulo de que trato, dava para maometana; aceitaria um harém, com as aparências salvas. Deus me perdoe, se a julgo mal. Tudo nela era atenuado e passivo. O próprio rosto era mediano, nem bonito nem feio. Era o que chamamos uma pessoa simpática. Não dizia mal de ninguém, perdoava tudo. Não sabia odiar; pode ser até que não soubesse amar.

Naquela noite de Natal foi o escrivão ao teatro. Era pelos anos de 1861 ou 1862. Eu já devia estar em Mangaratiba, em férias; mas fiquei até o Natal para ver "a missa do galo na Corte". A família recolheu-se à hora do costume; eu meti-me na sala da frente, vestido e pronto. Dali passaria ao corredor da entrada e sairia sem acordar ninguém. Tinha três chaves a porta; uma estava com o escrivão, eu levaria outra, a terceira ficava em casa.

- Mas, Sr. Nogueira, que fará você todo esse tempo? perguntou-me a mãe de Conceição.

- Leio, D. Inácia.

Tinha comigo um romance, os Três Mosqueteiros, velha tradução creio do Jornal do Comércio. Sentei-me à mesa que havia no centro da sala, e à luz de um candeeiro de querosene, enquanto a casa dormia, trepei ainda uma vez ao cavalo magro de D’Artagnan e fui-me às aventuras. Dentro em pouco estava completamente ébrio de Dumas. Os minutos voavam, ao contrário do que costumam fazer, quando são de espera; ouvi bater onze horas, mas quase sem dar por elas, um acaso. Entretanto, um pequeno rumor que ouvi dentro veio acordar-me da leitura. Eram uns passos no corredor que ia da sala de visitas à de jantar; levantei a cabeça; logo depois vi assomar à porta da sala o vulto de Conceição.

- Ainda não foi? Perguntou ela.

- Não fui; parece que ainda não é meia-noite.

- Que paciência!

Conceição entrou na sala, arrastando as chinelinhas da alcova. Vestia um roupão branco, mal apanhado na cintura. Sendo magra, tinha um ar de visão romântica, não disparatada como o meu livro de aventuras. Fechei o livro; ela foi sentar-se na cadeira que ficava defronte de mim, perto do canapé. Como eu lhe perguntasse se a havia acordado, sem querer, fazendo barulho, respondeu com presteza:

- Não! qual! Acordei por acordar.

Fitei-a um pouco e duvidei da afirmativa. Os olhos não eram de pessoa que acabasse de dormir; pareciam não ter ainda pegado no sono. Essa observação, porém, que valeria alguma coisa em outro espírito, depressa a botei fora, sem advertir que talvez não dormisse justamente por minha causa, e mentisse para me não afligir ou aborrecer. Já disse que ela era boa, muito boa.

- Mas a hora já há de estar próxima, disse eu.

- Que paciência a sua de esperar acordado, enquanto o vizinho dorme! E esperar sozinho! Não tem medo de almas do outro mundo? Eu cuidei que se assustasse quando me viu.

- Quando ouvi os passos estranhei; mas a senhora apareceu logo.

- Que é que estava lendo? Não diga, já sei, é o romance dos Mosqueteiros.

- Justamente: é muito bonito.

- Gosta de romances?

- Gosto.

- Já leu a Moreninha?

- Do Dr. Macedo? Tenho lá em Mangaratiba.

- Eu gosto muito de romances, mas leio pouco, por falta de tempo. Que romances é que você tem lido?

Comecei a dizer-lhe os nomes de alguns. Conceição ouvia-me com a cabeça reclinada no espaldar, enfiando os olhos por entre as pálpebras meio-cerradas, sem os tirar de mim. De vez em quando passava a língua pelos beiços, para umedecê-los. Quando acabei de falar, não me disse nada; ficamos assim alguns segundos. Em seguida, vi-a endireitar a cabeça, cruzar os dedos e sobre eles pousar o queixo, tendo os cotovelos nos braços da cadeira, tudo sem desviar de mim os grandes olhos espertos.

- Talvez esteja aborrecida, pensei eu.

E logo alto:

- D. Conceição, creio que vão sendo horas, e eu...

- Não, não, ainda é cedo. Vi agora mesmo o relógio; são onze e meia. Tem tempo. Você, perdendo a noite, é capaz de não dormir de dia?

- Já tenho feito isso.

- Eu, não; perdendo uma noite, no outro dia estou que não posso, e, meia hora que seja, hei de passar pelo sono. Mas também estou ficando velha.

- Que velha o quê, D. Conceição?

Tal foi o calor da minha palavra que a fez sorrir. De costume tinha os gestos demorados e as atitudes tranquilas; agora, porém, ergueu-se rapidamente, passou para o outro lado da sala e deu alguns passos, entre a janela da rua e a porta do gabinete do marido. Assim, com o desalinho honesto que trazia, dava-me uma impressão singular. Magra embora, tinha não sei que balanço no andar, como quem lhe custa levar o corpo; essa feição nunca me pareceu tão distinta como naquela noite. Parava algumas vezes, examinando um trecho de cortina ou consertando a posição de algum objeto no aparador; afinal deteve-se, ante mim, com a mesa de permeio. Estreito era o círculo das suas ideias; tornou ao espanto de me ver esperar acordado; eu repeti-lhe o que ela sabia, isto é, que nunca ouvira missa do galo na Corte, e não queria perdê-la.

- É a mesma missa da roça; todas as missas se parecem.

- Acredito; mas aqui há de haver mais luxo e mais gente também. Olhe, a semana santa na Corte é mais bonita que na roça. São João não digo, nem Santo Antônio...

Pouco a pouco, tinha-se inclinado; fincara os cotovelos no mármore da mesa e metera o rosto entre as mãos espalmadas. Não estando abotoadas, as mangas, caíram naturalmente, e eu vi-lhe metade dos braços, muitos claros, e menos magros do que se poderiam supor. A vista não era nova para mim, posto também não fosse comum; naquele momento, porém, a impressão que tive foi grande. As veias eram tão azuis, que apesar da pouca claridade, podia contá-las do meu lugar. A presença de Conceição espertara-me ainda mais que o livro. Continuei a dizer o que pensava das festas da roça e da cidade, e de outras coisas que me iam vindo à boca. Falava emendando os assuntos, sem saber por quê, variando deles ou tornando aos primeiros, e rindo para fazê-la sorrir e ver-lhe os dentes que luziam de brancos, todos iguaizinhos. Os olhos dela não eram bem negros, mas escuros; o nariz, seco e longo, um tantinho curvo, dava-lhe ao rosto um ar interrogativo. Quando eu alteava um pouco a voz, ela reprimia-me:

- Mais baixo! Mamãe pode acordar.

E não saía daquela posição, que me enchia de gosto, tão perto ficavam as nossas caras. Realmente, não era preciso falar alto para ser ouvido; cochichávamos os dois, eu mais que ela, porque falava mais; ela, às vezes, ficava séria, muito séria, com a testa um pouco franzida. Afinal, cansou; trocou de atitude e de lugar. Deu volta à mesa e veio sentar-se do meu lado, no canapé. Voltei-me, e pude ver, a furto, o bico das chinelas; mas foi só o tempo que ela gastou em sentar-se, o roupão era comprido e cobriu-as logo. Recordo-me que eram pretas. Conceição disse baixinho:

- Mamãe está longe, mas tem o sono muito leve; se acordasse agora, coitada, tão cedo não pegava no sono.

- Eu também sou assim.

- O quê? Perguntou ela inclinando o corpo para ouvir melhor.

Fui sentar-me na cadeira que ficava ao lado do canapé e repeti a palavra. Riu-se da coincidência; também ela tinha o sono leve; éramos três sonos leves.

- Há ocasiões em que sou como mamãe: acordando, custa-me dormir outra vez, rolo na cama, à toa, levanto-me, acendo vela, passeio, torno a deitar-me, e nada.

- Foi o que lhe aconteceu hoje.

- Não, não, atalhou ela.

Não entendi a negativa; ela pode ser que também não a entendesse. Pegou das pontas do cinto e bateu com elas sobre os joelhos, isto é, o joelho direito, porque acabava de cruzar as pernas. Depois referiu uma história de sonhos, e afirmou-me que só tivera um pesadelo, em criança. Quis saber se eu os tinha. A conversa reatou-se assim lentamente, longamente, sem que eu desse pela hora nem pela missa. Quando eu acabava uma narração ou uma explicação, ela inventava outra pergunta ou outra matéria, e eu pegava novamente na palavra. De quando em quando, reprimia-me:

- Mais baixo, mais baixo...

Havia também umas pausas. Duas outras vezes, pareceu-me que a via dormir; mas os olhos, cerrados por um instante, abriam-se logo sem sono nem fadiga, como se ela os houvesse fechado para ver melhor. Uma dessas vezes creio que deu por mim embebido na sua pessoa, e lembra-me que os tornou a fechar, não sei se apressada ou vagarosamente. Há impressões dessa noite, que me aparecem truncadas ou confusas. Contradigo-me, atrapalho-me. Uma das que ainda tenho frescas é que, em certa ocasião, ela, que era apenas simpática, ficou linda, ficou lindíssima. Estava de pé, os braços cruzados; eu, em respeito a ela, quis levantar-me; não consentiu, pôs uma das mãos no meu ombro, e obrigou-me a estar sentado. Cuidei que ia dizer alguma coisa; mas estremeceu, como se tivesse um arrepio de frio, voltou as costas e foi sentar-se na cadeira, onde me achara lendo. Dali relanceou a vista pelo espelho, que ficava por cima do canapé, falou de duas gravuras que pendiam da parede.

- Estes quadros estão ficando velhos. Já pedi a Chiquinho para comprar outros.

Chiquinho era o marido. Os quadros falavam do principal negócio deste homem. Um representava "Cleópatra"; não me recordo o assunto do outro, mas eram mulheres. Vulgares ambos; naquele tempo não me pareciam feios.

- São bonitos, disse eu.

- Bonitos são; mas estão manchados. E depois francamente, eu preferia duas imagens, duas santas. Estas são mais próprias para sala de rapaz ou de barbeiro.

- De barbeiro? A senhora nunca foi a casa de barbeiro.

- Mas imagino que os fregueses, enquanto esperam, falam de moças e namoros, e naturalmente o dono da casa alegra a vista deles com figuras bonitas. Em casa de família é que não acho próprio. É o que eu penso; mas eu penso muita coisa assim esquisita. Seja o que for, não gosto dos quadros. Eu tenho uma Nossa Senhora da Conceição, minha madrinha, muito bonita; mas é de escultura, não se pode pôr na parede, nem eu quero. Está no meu oratório.

A ideia do oratório trouxe-me a da missa, lembrou-me que podia ser tarde e quis dizê-lo. Penso que cheguei a abrir a boca, mas logo a fechei para ouvir o que ela contava, com doçura, com graça, com tal moleza que trazia preguiça à minha alma e fazia esquecer a missa e a igreja. Falava das suas devoções de menina e moça. Em seguida referia umas anedotas de baile, uns casos de passeio, reminiscências de Paquetá, tudo de mistura, quase sem interrupção. Quando cansou do passado, falou do presente, dos negócios da casa, das canseiras de família, que lhe diziam ser muitas, antes de casar, mas não eram nada. Não me contou, mas eu sabia que casara aos vinte e sete anos.

Já agora não trocava de lugar, como a princípio, e quase não saíra da mesma atitude. Não tinha os grandes olhos compridos, e entrou a olhar à toa para as paredes.

- Precisamos mudar o papel da sala, disse daí a pouco, como se falasse consigo.

Concordei, para dizer alguma coisa, para sair da espécie de sono magnético, ou o que quer que era que me tolhia a língua e os sentidos. Queria e não queria acabar a conversação; fazia esforço para arredar os olhos dela, e arredava-os por um sentimento de respeito; mas a ideia de parecer que era aborrecimento, quando não era, levava-me os olhos outra vez para Conceição. A conversa ia morrendo. Na rua, o silêncio era completo.

Chegamos a ficar por algum tempo, - não posso dizer quanto, - inteiramente calados. O rumor único e escasso, era um roer de camundongo no gabinete, que me acordou daquela espécie de sonolência; quis falar dele, mas não achei modo. Conceição parecia estar devaneando. Subitamente, ouvi uma pancada na janela, do lado de fora, e uma voz que bradava: "Missa do galo! missa do galo!"

- Aí está o companheiro, disse ela levantando-se. Tem graça; você é que ficou de ir acordá-lo, ele é que vem acordar você. Vá, que hão de ser horas; adeus.

- Já serão horas? perguntei.

- Naturalmente.

- Missa do galo! repetiram de fora, batendo.

-Vá, vá, não se faça esperar. A culpa foi minha. Adeus; até amanhã.

E com o mesmo balanço do corpo, Conceição enfiou pelo corredor dentro, pisando mansinho. Saí à rua e achei o vizinho que esperava. Guiamos dali para a igreja. Durante a missa, a figura de Conceição interpôs-se mais de uma vez, entre mim e o padre; fique isto à conta dos meus dezessete anos. Na manhã seguinte, ao almoço, falei da missa do galo e da gente que estava na igreja sem excitar a curiosidade de Conceição. Durante o dia, achei-a como sempre, natural, benigna, sem nada que fizesse lembrar a conversação da véspera. Pelo Ano-Bom fui para Mangaratiba. Quando tornei ao Rio de Janeiro, em março, o escrivão tinha morrido de apoplexia. Conceição morava no Engenho Novo, mas nem a visitei nem a encontrei. Ouvi mais tarde que casara com o escrevente juramentado do marido.


Fonte: Contos Consagrados - Machado de Assis - Coleção Prestígio - Ediouro - s/d.




MISSA DO GALO: UMA ANÁLISE

Desejo errante na sala de visitas

Alcides Villaça - Prof. Literatura Brasileira na USP, especial para o Estadão (20/12/09)


Há situações em que as palavras e os gestos manifestos pouco ou nada revelam, por si mesmos, do sentido de uma experiência. Quando a explicitação dos signos mostra-se insuficiente, é preciso chegar ao mecanismo de disfarce ou ocultação que torna o silêncio entre as palavras e o espaço entre os gestos mais significativos do que a declaração verbal ou a disposição do corpo.

Machado de Assis é um mestre na prospecção desses intervalos entre a gravidade da matéria e o impulso da significação, e não costuma abrir mão de nenhum dos dois. O conto Missa do Galo (Páginas Recolhidas, 1899), compreensivelmente antológico, já de início admite a insuficiência: "Nunca pude entender a conversação que tive com uma senhora, há muitos anos, contava eu dezessete, ela trinta. Era noite de Natal". Dada como incompreendida por quem dela participou e a rememora, sinta-se o leitor provocado a buscar o sentido dessa distante "conversação".

A conversa ocorreu numa noite de Natal, entre o adolescente Nogueira, hospedado na casa do escrivão Meneses, e a esposa deste, Conceição. À espera da "missa do galo na Corte", o jovem provinciano lê, enquanto aguarda um amigo que virá buscá-lo, mas põe de lado o livro enquanto dona Conceição irrompe na sala.

A aparição algo fantasmagórica da mulher num roupão branco, na meia-luz da sala, quebra os hábitos da casa, que são rígidos. "Assobradada", "na Rua do Senado", a casa "tinha três chaves" e, lembra-se o narrador, "às dez e meia a casa dormia". 

Bem qualificada, a casa é um território ativo, marcado a fundo pelos valores de uma família tradicional. Nele, move-se resignadamente dona Conceição, chamada "a santa" por suportar bem os "esquecimentos de um marido", que aliás tem amante frequentada semanalmente. 

Traços essenciais que retratam Conceição: "um temperamento moderado, sem extremos, nem grandes lágrimas, nem grandes risos"; "tudo nela era atenuado e passivo"; o rosto era "mediano, nem bonito nem feio"; "perdoava tudo"; "não sabia odiar", "pode ser até que não soubesse amar". Casou tarde, agregou a mãe na casa e leva a vida protegida e insípida de esposa institucional.

Pois nessa noite de Natal, em que o marido foi à amante, uma inquieta e insone Conceição deixa a alcova e vai encontrar o adolescente na sala. A conversa em si mesma interessa menos que a crescente palpitação de sensualidade que o rapaz, aluno de "preparatórios", vai aprendendo aos poucos, em gradativa absorção de gestos, movimentos e expressões da mulher, que para sempre lhe parecerão intrigantes.

A coreografia dos passos e poses de Conceição traduz aproximações e distanciamentos; ao jovem impressionou sobretudo certo balanço no andar da mulher pela sala, "como quem lhe custa levar o corpo". Está nessa expressão, a meu ver, uma síntese do olhar machadiano sobre a história das incontáveis "resignadas" e "santas", que ao longo dos séculos, e por razões diversas, sentem o próprio corpo como cláusula de contrato, condição de status e peso de compromisso.

Na contramão dessa história, um impulso erótico e libertário ameaça tomar forma e transgredir as regras da casa patriarcal, promovendo um contato entre dois estados de incompletude: o do adolescente ainda "despreparado" e o da esposa já "esquecida". Mas Conceição persiste num vago torpor, a que gostosamente se entrega enquanto olha para o rapaz e o faz falar.

A certa altura diz não entender o interesse de alguém em ficar acordado para ver a missa do galo na Corte, e justifica: "todas as missas se parecem". Indiscriminações como essa são reveladoras de tédio e de falta de expectativa de quem há muito já perdeu o direito à ênfase.

Mas há um momento em que a mediana, atenuada e passiva Conceição, nem bonita nem feia, "ficou linda, ficou lindíssima". Como explicar a passagem da apagada mediania para a ênfase do superlativo? Serão os olhos de um adolescente que está despertando para a paixão? Ou, de fato, a súbita iluminação de uma mulher que emerge da esposa resignada, negando a apatia, ganhando expressão e estremecendo "como se tivesse um arrepio de frio"? "Contradigo-me, atrapalho-me", declara o narrador, impossibilitando assim a garantia do sentido e deixando em aberto o momento mágico que resistiu à passagem dos anos.

Nem bem se revelou "lindíssima" e Conceição se afasta do rapaz, vencendo a perturbação, andando pela sala, rememorando, nostálgica e em tom de solilóquio, seus bailes de mocinha sonhadora na mesma Paquetá da Moreninha, de Macedo. Nesse caminho em anticlímax, a sensualidade cede lugar a observações sobre as paredes, como "estes quadros estão ficando velhos" ou "precisamos mudar o papel da sala".

A interioridade calorosa da mulher, iluminada há pouco pelo superlativo, parece dissolver-se pela superfície da decoração da sala. Reassumida, a casa de família estabiliza-se e a esposa retorna ao seu pálido domínio, despedindo-se do rapaz por meio desta fórmula ambígua: "Adeus, até amanhã". A duplicidade fala de quem jamais retornará e de quem estará, no dia seguinte, em seu posto doméstico.

Não mais que um pano de fundo, mera referência no calendário, essa missa do galo será para sempre associada por Nogueira à magia de uma revelação perturbadora, em que o adolescente e a senhora casada comungaram uma "espécie de sono magnético", uma suspensão de hábitos e valores, no espaço-limite de desejos que ficaram navegando, sem ancorar, na sala de visitas da casa patriarcal. 

O conto vale por esta difícil e dupla realização: Machado não perde a atmosfera das impressões sensuais, a errância dos desejos que não se cumprem, a volatilidade da inclinação erótica; e também não deixa de mostrar a rigidez dos papeis sociais, o confinamento da mulher, a solidez da casa burguesa com seu mobiliário de valores. A "conversação" supõe, de fato, a tensão entre essas duas instâncias.

Não é à toa que na missa do galo o rapaz vê a figura de Conceição interpor-se entre ele e o padre. A interposição continua falando desses dois mundos, que Machado faz dialogar: aquele em que se oficiam os ritos consumados, como os da religião, da família e da vida social, e aquele, mais íntimo, em que pulsam as perguntas sem resposta, os impulsos naturais e os enigmas permanentes.

Fonte: O Estadão

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Bruce Lee - O dragão chinês (1971) / Reflexões




REFEIÇÃO CULTURAL

SINOPSE

Cheng (Bruce Lee) é trazido de Hong Kong a Bancok por seu tio para trabalhar e ali viver sem utilizar seus dons de arte marcial e arrumar confusão e brigas. Ele vai morar com primos e trabalhar numa fábrica de gelo onde todos trabalham.

Ele carrega um amuleto no pescoço para se lembrar da promessa de não lutar e não se meter em confusões.

A fábrica de gelo é uma fachada para encobrir o tráfico de drogas por parte do dono e seus capatazes.

Seus primos começam a desaparecer e a partir de inúmeras tentativas de não se meter em confusão e utilizar seus dons de arte marcial, ele acaba sendo obrigado a lutar inclusive por sua vida e de seus parentes e amigos.

REMINISCÊNCIAS DA ADOLESCÊNCIA

O filme (The big boss) é um dos primeiros filmes de Bruce Lee. Uma lenda da arte marcial. Acredito que qualquer interessado em artes marciais não se canse de observar e tentar analisar cada segundo de um movimento de Bruce Lee. É a perfeição na conjugação de velocidade, força e precisão no golpe que imobiliza ou inviabiliza reação.

Tive na adolescência o privilégio de conviver com o Kung Fu. Minha vida foi um "vai pra lá, vai pra cá" absurdo. Eu poderia ter sido tanta coisa. 

Como cresci num ambiente humilde, às vezes, miserável, predominava na rua a lei do mais forte (ou adaptado). Quando ali cheguei aos dez anos, tinha os moleques que dominavam a rua e o bairro Marta Helena, em Uberlândia.

Aliás, como o mundo dos anos oitenta era diferente de hoje (o mundo anda...)! Nós ficávamos na rua desde os seis, sete anos de idade. Hoje só estão na rua com essa idade, as crianças em situação de rua, que não estão no círculo de proteção da família.

Me lembro de uma briga de rua de rolar no chão que tive na porta do Colégio Hortêncio Diniz. Devia ter, sei lá, uns doze anos. Depois me lembro do dia que cansei de ser ameaçado por outro moleque que morava na frente de casa e que era considerado o terror ali. Nos pegamos na porrada e só saí de cima dele aos socos quando a mãe dele chegou. Ali, eu me libertei...

Na academia de Kung Fu, o mestre e os auxiliares nas aulas eram enfáticos: não é para brigar na rua! (as minhas brigas de rua foram antes de entrar para a academia)

A frase estampada no quadro na parede do dojo dizia: "Vencedor é aquele que vence sem lutar, mesmo tendo o dom de vencer lutando".

Aprendi muito naqueles anos da adolescência a administrar o ódio e a raiva que tinha, a dor, e a ter uma disciplina interior intensa.

GOLPES DE BRUCE LEE QUE CHAMAM A ATENÇÃO

Vendo o filme, me lembrei de alguns ensinamentos que tínhamos nos treinamentos e na filosofia do Kung Fu.

- evite lutar, encontre outras formas de achar solução para os problemas e as divergências;

- aprenda a se defender, de preferência sem causar danos aos outros;

- se, numa situação de risco, ameaça e ataque, você tiver que lutar, seja rápido, inteligente, feroz e elimine a possibilidade do adversário continuar te atacando. Principalmente se for mais de um.

- a técnica e a habilidade não têm relação alguma com a ética, o caráter e a postura do cidadão. O "especialista", o "técnico" pode ser ou não ser um exemplo a seguir. Um mestre de Kung Fu, um médico, um engenheiro, um professor, um padre etc, pode ser honesto, desonesto, de esquerda, de direita, reacionário, libertário e por aí vai...


No filme Cheng lida com todas essas questões.

Ele evitou lutar o quanto foi possível. Mas é impressionante a rapidez e precisão de um só golpe dele para por fora de combate o adversário.

Me chamou a atenção a cena do atacante com a faca na mão na fábrica de gelo, quando Cheng lutou pela primeira vez. Em uma fração de segundos, a mesma perna usada para o chute que tirou a faca da mão do oponente, é aquela que termina o golpe eliminando o atacante.

Várias cenas mostram isso.

Um dos ensinamentos da arte marcial que para mim tem muito sentido é a energia colocada em um único e decisivo golpe. Deve ser concentrada e total. É famoso o soco de uma polegada de Bruce Lee. 

Também chamou a minha atenção, o fato do personagem Cheng ser cooptado por seu chefe inicialmente. Enquanto se espera atitudes melhores do "mocinho", ideologicamente falando, ele se pega entrando no jogo do patrão. A questão da alienação de classe se mostrou presente no filme perfeitamente. (Ai ai ai, como isso é real e presente ao nosso redor)

Por fim, é muito interessante rever filmes de arte marcial. Não gosto do que se vende hoje como esporte de luta. Quando convivi com isso, era para você mudar para melhor como pessoa e se defender, se necessário fosse.

É isso!

Post Scriptum - Morte de Bruce Lee

Uma coisa que não saiu de minha cabeça, foi relembrar sobre a morte desse fenômeno de força, potência e agilidade nas artes marciais chamado Bruce Lee. 

Ele não morreu em combate, não teve morte violenta. Tomou um comprimido para dor de cabeça aos 33 anos e teve um efeito adverso, entrou em coma e morreu. Simples assim. 

Isso nos coloca a pensar. O que somos? Somos fortes, somos resistentes. Somos frágeis por natureza e morremos ao instante seguinte... é pra pensar! Principalmente quando tudo ao nosso redor é por dinheiro, poder, sexo, ganância. A pessoa pode morrer ali, no segundo seguinte... Fala sério! 

Nossos valores deveriam ser mais coletivos e menos individuais. Ao final, William e João e Maria morrem e talvez fique algo bom que eles tenham feito para a coletividade.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Corro porque preciso do coração forte e resistente





Refeição Cultural

E então cheguei nesta quarta-feira 11 do trabalho às 20 horas e, cansadaço, saí para correr nas ruas e alamedas de Brasília. Havia feito o mesmo na segunda-feira 9. É que as coisas estão duras, diria que os tempos são de tempestades e fortes ventanias. Eu serei mais duro ainda e resistente como os finos troncos e caules que vergam, e não quebram. Resistem às piores tempestades e ventanias.

Nos minutos que paro e quedo a pensar na conjuntura e nas frentes de batalha em que estou, fico a pensar nas estratégias para não quebrar e seguir nos desafios como um guerreiro que não larga a missão nunca, nunca.

Hoje, ao sair para correr uma meia hora, ou 5 km, fiquei pensando na vida profissional, política e pessoal. 

Ao refletir sobre uma das frentes de batalha em que estou sendo atacado por forças antes aliadas, reforcei minha decisão de dias antes e não vou perder meu tempo disputando uma terra em que o solo empederniu, mesmo tendo sido adubado e arado, porém a erva daninha germinou, fortaleceu e dominou o solo.

Fiquei pensando na época em que meu querido pai, brigador contra coisas erradas, não resistiu a tantas batalhas por justiça e quedou com forte depressão e custou a sarar. Melhorou.

Eu já tenho dois grandes campos a arar, adubar, plantar, combater as diversas ervas daninhas, e ver germinar a semente que plantamos e ser incansável no cuidado para ver os frutos ou pelo menos as árvores crescendo.

Minha família está precisando de mim e eu fiquei mais longe ainda por causa de minha tarefa profissional. E minha tarefa profissional não deixará de ser meu foco e objetivo em dia nenhum de minha vida.

Quando a corrida é leve, dá para pensar. Refleti também e matutei o quanto é absurda a falta de competência e, quiça inteligência, nos espaços sociais e profissionais da atualidade.

A impressão clara é que estamos numa época "estranha, com gente esquisita..." (como diria a Legião Urbana).

Enfim, na segunda-feira, também tive um longo dia de trabalho, mas o resultado foi muito positivo porque estivemos em um debate nacional sobre a entidade de saúde onde sou gestor eleito pelos trabalhadores e mesmo estando em um fórum com mais de cem pessoas de dezenas de entidades associativas dos mais diversos campos de pensamento, acho que o resultado foi alcançado: municiar com informações as pessoas e entidades que lá estiveram e defender nossas propostas, princípios e agregar pessoas para os projetos de saúde. (ler sobre encontro que debateu Cassi AQUI)

Saí deste encontro nacional tão exaurido que busquei minha energia guerreira ao chegar a minha casa, coloquei calção e tênis e fui para a rua salvar minha pele e meu coração. Corri 4,5 km em 26 minutos.

Estou buscando no fundo de minhas memórias meus ensinamentos dos anos convividos com a arte marcial Kung Fu. Foram anos de convívio com mestres que nos preparavam para resistir, para não lutar fisicamente com as pessoas, para sermos fortes interiormente, na mente e no espírito e para termos ética e caráter.

Cada dia, busco mais esse equilíbrio para tentar levar equilíbrio ao meu entorno.

Vamos dormir que a quinta-feira 12 será de muito trabalho...

William

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Night Run 10k na praia do Costão do Santinho - Floripa



Venci meu primeiro desafio de corrida
de resistência na areia... 10k.

Refeição Cultural

POR QUE CORRER EM FLORIANÓPOLIS - SC?

Cheguei a Floripa nesta sexta-feira 30/01 para participar de uma corrida no sábado. Mas antes de tudo, quero comentar por que estou aqui.

No processo de preparação para a minha 7ª participação na corrida de São Silvestre em 31/12/14, resolvi que não quero e não posso mais parar de correr. Então, decidi correr o ano todo de 2015.

Conjugado a isso, tomei outra decisão. Devido a restrições orçamentárias da entidade que administro, eu teria dificuldades de manter minhas visitas às unidades que administro e também de conversar com os trabalhadores que represento e suas entidades associativas. Isso para mim, que tenho uma história de representação de sempre visitar as bases, seria um castigo muito grande.

Pensei comigo que para continuar cumprindo uma agenda mínima de visitar bases que ainda não pude ir pelo Brasil afora, irei nem que seja por minha conta e custeio. 

Para amenizar o impacto dessas despesas à trabalho, vou participar de uma prova de corrida por mês, aos finais de semana. Assim concilio meu compromisso político e de trabalho e visito os Estados que ainda não fui e levo minha esposa comigo para passear.

É por isso que estou neste fim de semana em Florianópolis - SC, porque me comprometi a visitar as entidades associativas do Estado e a Unidade Cassi SC. Conjuguei a participação em uma corrida, trouxe minha esposa comigo e, na segunda-feira, volto das férias e trabalho em Florianópolis. 

Agora com Santa Catarina, completo o 15º Estado visitado após minha eleição para Diretor de Saúde da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil.

Já estive visitando e conversando com os associados, funcionários e entidades associativas do RS, SC, PR, SP, RJ, MG, AL, PB, PI, MA, PA, GO, DF, MT, RO.

Falta ainda visitar este ano AC, AP, RR, AM, TO, MS, CE, RN, PE, BA, ES, SE. Irei a estes Estados para falar sobre Cassi nem que seja por minha conta. É compromisso comigo mesmo.

A CORRIDA NOTURNA DE 10K NA PRAIA

Senti uma grande emoção ao me encontrar na praia cerca de 30 minutos antes da largada às 21h. Um arrepio e os olhos marejados.

O clima agradável, o motivo de estar ali, os fogos de artifício para marcar a largada, o receio e a expectativa de conseguir vencer esse desafio difícil de correr na areia...

Antes de chegar aqui, corri algumas vezes na areia em janeiro e vi o quanto é mais cansativo, principalmente com areia fofa.

Dada a largada, saí muito concentrado em conseguir completar a corrida dando as duas voltas no circuito de 5 km. Eu mesmo refleti que talvez tivesse sido mais prudente me inscrever na 5k e não na 10k...

A primeira volta foi de viver a nova experiência de correr na areia e à noite. Como teve muita gente para os 5k foi tranquilo. Completei a primeira volta em 35'. O trecho tem uma parte fácil de 3 km em areia batida e 2 km muito difíceis com subidas em dunas, areias muito fofas e trilhas com pedras. Ufa!

Na segunda volta foi aquele momento de muito diálogo consigo mesmo. Pouca gente no percurso. Muita escuridão. Subir as dunas de novo...

Mas a alegria de vencer o fim das dunas e saber que faltavam 2 km para completar a volta deu uma euforia imensa. Eu me senti um super homem!

Diferente de outras provas de resistência, onde eu começo pensando na vida e lá pro meio é que concentro completamente na prova, nesta foi desde a largada com foco total. Em nenhum instante pensei em nada a não ser no percurso e na meta final.

Durante os 10 km é necessário concentrar na pisada na areia e no escuro, na condição dos músculos e tendões dos calcanhares, e ao redor.

A organização da prova foi boa. Não faltou água e tinha cestos de lixo para não sujar a praia. Fiz várias cestas e não sujei a praia. Mas muita gente sujou...

Foi demais! Valeu muito a experiência! A sensação ao perceber que você ainda supera desafios físicos é muito gratificante.

É isso!

William Mendes