domingo, 30 de junho de 2013

Chateações juninas ficarão marcadas




Refeição Cultural

O mês de junho acaba hoje. Ele ficará marcado na história recente do Brasil. 

Na minha opinião, não ficará marcado de forma positiva.

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o torneiro mecânico que virou presidente do Brasil, um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), gastou quase uma década para mudar a imagem do Brasil lá fora no mundo e internamente, fazendo o povo brasileiro voltar a ter amor próprio e menos complexo de vira-latas, complexo construído a partir da elite tacanha, sem amor à pátria e sem vergonha na cara.

Movimento de massas não tem dono. O que começou como mais uma manifestação legítima do Movimento Passe-Livre (MPL) virou algo maior, virou um movimento gigantesco, com aproveitamento da oposição e dos veículos de comunicação da direita - que no Brasil fazem a vez de partido de oposição (P.I.G.) devido à fragilidade e burrice da oposição partidária - e virou um movimento de esculhambação do Partido dos Trabalhadores, do movimento social organizado (os de esquerda) e virou uma destruição iconoclasta de tudo que mudou e avançou para melhor no país.

Em pouco mais de vinte dias, a imagem do Brasil voltou ao que era antes, na verdade, piorou.

Outra coisa que mudou desde a campanha de José Serra (PSDB) nas eleições de 2010, e dificilmente terá volta, foi a instigação ao povo de preconceitos os mais absurdos. A partir da campanha deste sujeito representante da direita brasileira à presidência da república contra Dilma Rousseff (PT) explicitou-se e despertou-se todo tipo de preconceito, discriminação e intolerância no Brasil.

Agora temos um país onde as pessoas estão deixando de ser receptivas e respeitosas com os estrangeiros e com os seus compatriotas com diferenças de si próprios - raça, origem, religião, posição política etc.

Eu achei de uma tristeza absurda o desrespeito dos torcedores contra os espanhóis no jogo da semifinal contra a Itália. Eles foram comemorar a classificação e foram vaiados e esculhambados pela torcida brasileira.

Há um trabalho organizado para que se construa um ódio mortal por parte das pessoas comuns ao PT e aos movimentos sociais, principalmente a CUT e o MST. Hitler fez um excelente trabalho nesta linha em relação aos judeus, pessoas com deficiências, pessoas com orientação sexual fora do padrão heterossexual, pobres e estrangeiros de países pouco desenvolvidos.

Não sei aonde vamos parar, mas na minha leitura, o povo brasileiro não será mais o mesmo, para o bem e para o mal!

Espero que as pessoas respeitem tanto os jogadores espanhóis quanto os brasileiros após o resultado final da tal Copa das Confederações.

Espero que o Brasil não vire nos próximos anos um país de um povo intolerante, arrogante e conservador, como é a elite branca brasileira.

Aliás, falando em Copa das Confederações, eu quase não consegui ver pessoas negras ou morenas nas arquibancadas. É um absurdo o que fizeram com o povão que tanto gosta, curte e vive do e pro futebol. Fizeram uma "seleção natural" para as arquibancadas - o preço dos ingressos - ou alguém ainda não viu as tabelas de distribuição de renda por raça e etnia no Brasil...

William Mendes

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Sobre o novo "imortal" FHC e aquilo que chamam ABL


Imortal FHC - foto: J.Freitas
wikipedia
Olha, vou usar uma frase de Luís Fernando Veríssimo comentando sobre gramática para dizer o que eu penso da ABL, aquela antiga academia de letras, cujo primeiro presidente foi o escritor Machado de Assis, respeitada naquelas primeiras décadas do século XX.

"A Gramática é o esqueleto da língua. Só predomina nas línguas mortas, e aí é de interesse restrito a necrólogos e professores de Latim, gente em geral pouco comunicativa. Aquela sombria gravidade que a gente nota nas fotografias em grupo dos membros da Academia Brasileira de Letras é de reprovação pelo Português ainda estar vivo. Eles só estão esperando, fardados, que o Português morra para poderem carregar o caixão e escrever sua autópsia definitiva."

Não preciso dizer mais nada, né!

Francamente, o que os amantes da leitura, das línguas e do mundo da literatura podem esperar de uma Academia que tem como ilustres imortais membros do porte de um José Sarney, um Merval Pereira e agora um sociólogo do naipe de um Fernando Henrique Cardoso?...


O poeta Cazuza (não imortal para a ABL) já dizia:

"A tua piscina tá cheia de ratos,
Tuas ideias não correspondem aos fatos,
O tempo não para..."

Quem diria que um dia eu iria publicar uma foto do FHC em meu blog!

Bom, vamos falar de coisa boa. Leiam a crônica do Veríssimo sobre o Gigolô das palavras, é muito legal.

sábado, 22 de junho de 2013

PC Siqueira alerta sobre manifestações e protestos... e a Globo


Olha, ninguém melhor do que o PC Siqueira para explicar o papel da Globo e da direita nas manifestações legítimas e pacíficas que começaram por melhoria nos transportes públicos e redução das tarifas.

Trabalhadores e jovens de boa fé e que constroem esse país e lutam por um mundo melhor, UNI-VOS e vejam o vídeo genial destes jovens:

Post Scriptum:

O vídeo não existe mais.

domingo, 16 de junho de 2013

Cismando sobre os Desejos


Refeição Cultural


Fernando Pessoa.
Desejos de leitura

Não tenho escrito muito nestes dias. Sequer tenho conseguido ler como gostaria.

Apesar disso, reli no fim de semana passado o livro Uma abelha na chuva (1953), do português Carlos de Oliveira. Neste fim de semana, também fiquei às voltas com a Literatura Portuguesa. Hoje reli o livro de poemas Mensagem (1934) de Fernando Pessoa.

Ambos pertencem ao programa de uma das últimas matérias que fiz na USP em 2010. Acabei procurando e achando em casa o pacote de fotocópias da matéria e o desejo que me deu foi de pegar todos os textos teóricos e lê-los juntamente com as 5 obras analisadas naquele semestre.

Mas aí quando dou por mim e começo a tomar gosto pela leitura, o fim de semana já se foi e eu não tenho vida civil (vida própria) durante a semana. Só tenho agenda do dirigente sindical.

Minha vida está indo e eu não consigo ler mais nada. E pensar que, se eu morrer a qualquer instante, terei deixado a existência como um grande frustrado porque sei ler, não sou cego, tenho os livros e o acesso a eles e não consigo ler absolutamente nada que desejo e anseio.


Desejos alheios de consumo

Eu fico observando as pessoas ao meu redor e fico chocado e deprimido com o que vejo.

Fico me perguntando do que está valendo a luta que faço diariamente para contrabalançar o sistema capitalista, criador de fetiches da matéria, que está destruindo o único planeta que temos, pelo esgotamento e criação de bugigangas para substituir outras a cada instante.

Filme Wall.E

Como pode um proletário com salário de mil reais, ou menos, comprar um tênis de 650 reais por ser “de marca”? Como pode este mesmo proletário gastar dois mil reais para comprar um aparelho de telefone móvel? A marca de tênis, aliás, é líder mundial em exploração de mão de obra escrava e subcontratação pelo mundo afora. E mais: NÃO adianta eu falar isso para esses proletários! Não adianta!

Vale dizer que existem bons tênis de cem reais. Também existem aparelhos de telefone móvel por cento e poucos reais. Esses proletários trocam de aparelhos eletrônicos enquanto os que tinham ainda funcionariam por muito tempo. Pouco importa o planeta Terra se transformar num planeta lixo inviável à vida - lembram do filme Wall E (2008)?

Eu não pagaria 650 reais em um tênis mesmo se eu ganhasse 10 mil por mês, simplesmente porque o tênis não vale esse dinheiro.

O que vale a minha ideologia, se o meu exemplo de não consumir coisas “de marca” como a prioridade na compra não funciona sequer com a minha família?

Os jovens viraram baterias para a alienante rede mundial de computadores. Não é só o crack e outras drogas que estão matando o cérebro dos seres humanos. A quantidade de informação inútil também está. E pensar que praticamente já digitalizaram todo o conhecimento humano na rede mundial! Mas os donos do poder sabem que ninguém usa isso.


Desejo de comunicação e a incomunicabilidade contemporânea

Durante milênios, os seres humanos sonharam em poder usufruir da plena liberdade de expressão. No entanto, durante esses mesmos milênios, o direito de comunicação ficou restrito aos donos do poder, porque eles detinham o direito de escolher o que poderia ser comunicado ou não a qualquer receptor que fosse.

Na idade média, o alemão Gutenberg inventou a máquina de impressão. A partir dali, começaria uma revolução na multiplicação dos materiais escritos de comunicação. Mas o direito de imprimir continuou nas mãos dos estados e dos donos do poder.

Até o século passado (XX), seguia mais ou menos na mesma a questão de quem conseguia acesso a impressão e distribuição dos textos. Aos pobres mortais, só se fosse apadrinhado por alguém dono do poder ou pelo Estado.

Veio então o advento da rede mundial de computadores – a internet.

Hoje, qualquer um teria “em tese” direito a acessar e a distribuir suas produções textuais e seus pensamentos.

Cena do filme Fahrenheit 451
Se antes, livros de ficção como Fahrenheit 451 (1953), de Ray Bradbury, pensavam sociedades distópicas onde era proibido ter livros e ler o que bem se entendesse das produções humanas, hoje não é preciso mais tal tipo de preocupação por parte dos donos do mundo. 

Tudo está disponível e a atenção de praticamente toda a humanidade é pasteurizada em querer as mesmas coisas – a exceção é para aquele bilhão de gente que só tem a preocupação em o que vai comer naquele dia para não morrer de fome.

Hoje, qualquer um tem mais direito de se comunicar. No entanto, não há quase ninguém disposto a ouvir, a prestar atenção em - algo como a diferença entre os verbos ingleses to hear e to listen to. O mundo é burburinho e tuc tuc tuc nos ipods, iphones, tablets, jogos virtuais, facebooks etc... as pessoas, as pessoas são baterias como aquelas do filme Matrix (1999).


Poster de Mad Max (1979).
Desejo finalizar

Finalizo esta refeição cultural indigesta, pensando em mais ficções famosas – filmes e livros –, que parecem, a cada dia, mais próximos de se realizarem.

O mundo está estabelecendo o padrão chinês de mão de obra precarizada – terceirização total sem direito algum. Aqueles que não forem os 5% detentores de todo o poder econômico e político (os Alfas e Betas), serão os subumanos gamas e ipsilones do Admirável mundo novo (1932), de Aldous Huxley.

O mundo caminha para vivermos aquele mundo da série de filmes Mad Max (1979 a 1985). E para ficar em um bem atual: O livro de Eli (2010). Lembram da cena em que o
Poster do filme.
personagem reflete sobre o tempo em que as pessoas tinham tudo e não davam valor a nada – tudo era descartável e tinha em abundância. No mundo após a última guerra, se mata por um copinho de plástico descartável...


Chega!

sexta-feira, 14 de junho de 2013

As neves do Kilimanjaro (2011) – direção de Robert Guédiguian


Poster do filme

Este filme francês aborda uma temática extremamente importante para a reflexão social em tempos de nova crise do capitalismo e dos valores da esquerda: a solidariedade, o amor e o perdão em contraposição à coisificação humana no atual sistema capitalista global.

Guédiguian conseguiu dar uma hábil leveza a temas de difícil trato como o desemprego, a violência urbana, a traição, o conflito geracional e as contradições internas na prática da esquerda.

Os atores e atrizes interpretaram de forma esplêndida as personagens. Nota dez.

O filme é baseado no poema de Victor Hugo (1802-1885) "Les pauvres gens" (Os pobres).



Atenção: o texto abaixo revela partes do filme

CENAS QUE ME LEVARAM À REFLEXÃO

Alguns filmes me tocam profundamente. Em geral, são aqueles nos quais me pego refletindo a partir da cena, do diálogo, do olhar das personagens, da fotografia, enfim, instantes que me põem a cismar sobre algo que traga lembranças, dores, instigações, semelhanças ou prevenções ou previsões...


A ATENÇÃO DO OLHAR FILIAL NA DECLARAÇÃO DE AMOR 

- o olhar de Flo (Anaïs Demoustier), a filha do casal, ao ouvir na festa de aniversário de casamento dos pais, a declaração de amor de Michel à Marie-Claire. É de uma profundidade ímpar o olhar e a declaração que nos deixa sem palavras...


A RAIVA SOBRE O PERDÃO À VIOLÊNCIA E TRAIÇÃO 

- a discussão de Michel (Jean-Pierre Darroussin) com seu cunhado Raoul ((Gérard Meylan), quando Raoul descobre que Michel e sua esposa perdoaram o jovem assaltante Christophe (Grégoire Leprince-Ringue) e se sensibilizaram com a situação dele como irmão mais velho desempregado que cria dois irmãos pequenos, me fez lembrar meu sentimento após a última vez em que fui assaltado. Tive muito ódio e vontade de trucidar aqueles assaltantes de pobres e trabalhadores na passarela de trem da CPTM aqui perto de casa. Como pode gente miserável assaltar seus pares, a classe trabalhadora?


A REAÇÃO DO SINDICALISTA HONESTO AO INSULTO VULGAR 

- o diálogo entre Michel e Christophe: a insinuação do jovem assaltante preso de que o sindicalista receberia propina da empresa portuária, motivo pelo qual ele aceitaria acordos rebaixados. Quantas vezes eu já não ouvi isso de pessoas que represento e até de algumas pessoas do círculo de conhecidos?


A REFLEXÃO DE ABURGUESAMENTO DO SINDICALISTA

- o questionamento de Michel a si mesmo e à sua mulher sobre a contradição de viverem nas mesmas condições sociais da burguesia ou dos pequeno-burgueses que tanto combateram ideologicamente. Eu olho ao meu redor e vejo tantas situações anacrônicas em relação ao movimento sindical que me incomodam tremendamente desde que fui eleito sindicalista...




COMENTÁRIOS FINAIS

O filme é muito humano. Vale a pena assistir.

A trilha sonora com a música de Joe Cocker “Many rivers to cross” é perfeita para o filme.

domingo, 2 de junho de 2013

Don Quixote de La Mancha - documentário interessante


Este vídeo é um documentário muito interessante. Eu o encontrei na rede mundial. Parece pertencer a uma série sobre grandes livros.




Assistam, se divirtam e peguem o livro agora e iniciem a leitura ou releitura...

sábado, 1 de junho de 2013

Faroeste Caboclo - O Filme... Emocionante!


Cartaz de divulgação do filme

É emocionante superar as expectativas quando vamos ao cinema ver um filme de uma estória famosa, que fez parte de nossa adolescência e, de certa forma, de nosso mundo real.

Ainda mais quando essa estória é uma das dezenas de estórias completas cantadas por Renato Russo e a Legião Urbana, tão nossa desde os anos oitenta até hoje, porque meu filho e todos os filhos dos anos noventa e do século XXI seguem ouvindo tudo da Legião.

Fui à estreia do filme neste feriado de Corpus Christi e gostei demais da adaptação! Fiquei com a garganta apertada algumas vezes durante o filme.

Aquelas bandas dos anos oitenta...
Aquela miséria em que vivi (que vivemos) nos anos oitenta...
Aquela falta de limite dos milico nos anos oitenta...

Cara, o ódio que a gente sente dessa violência gratuita contra pobres e trabalhadores e minorias é muito bem trabalhado no filme.

Aquela playboyzada que nos tratava como subgente... é outra coisa que me lembrou muito a infância e adolescência la nas terras onde cresci.

Engraçado, que não liguei a mínima para lacunas ou diferenças de interpretação em relação à letra da música. Filme é filme. É uma versão. São escolhas de roteiro e direção. E ficou muito bom!


SOLUÇÕES DO ROTEIRO

"Quando criança só pensava em ser bandido
Ainda mais quando com um tiro de soldado o pai morreu"


Muito boa a passagem da infância fragmentada em memória do personagem João de Santo Cristo já na Capital Federal. A interposição do presente da estória com o passado na infância ficou bem legal.


"Chegando em casa então ele chorou
E pro inferno ele foi pela segunda vez
Com Maria Lúcia Jeremias se casou
E um filho nela ele fez"



Maria Lúcia e Jeremias: Achei muito bem bolada a questão do porquê de Maria Lúcia ter ficado com o bad boy Jeremias.


"E Santo Cristo com a Winchester 22
Deu cinco tiros no bandido traidor
Maria Lúcia se arrependeu depois
E morreu junto com João, seu protetor"



O final é inesperado: surpreende, mesmo sendo conhecido! 

Por mais que o filme não seja a música 'ipsis litteris' (pois é uma adaptação), o final surpreende e emociona.


- Vou assistir novamente porque vale a pena. Recomendo!

Nota 10 pro diretor Renê Sampaio, pro roteiro e fotografia, pra Ísis Valverde (Maria Lúcia), pro Fabrício Boliveira (João de Santo Cristo), pro Felipe Abib (Jeremias).