domingo, 28 de fevereiro de 2010

Limpando hemerotecas


Wmofox, desenho 2 (em parede).

Refeição Cultural


Estou em casa, em um domingo qualquer, limpando e expurgando meus nacos de cadernos de jornais.

Caderno de esportes do final de 2008, anunciando o hexacampeonato do São Paulo Futebol Clube: fala sério, para que guardar isso? Fora!

Caderno Ilustrada da Folha com capa de Tarsila do Amaral. O texto anuncia que saiu um catálogo da dita cuja. Não tem necessidade de guardar isso, pois existe um bom acesso ao tema em mundo virtual.

Lendo um texto no caderno Mundo, da Folha de 7.dez.2008, sobre Noam Chomsky, linguista que completou 80 anos em 2008 e que dizia não se iludir com a eleição de Barack Obama para a presidência dos EUA (hoje, podemos dizer que ele tem uma excelente leitura de contexto e conjuntura política).

Quem é o cara? “Nascido na Filadélfia e professor emérito do MIT, onde leciona há 53 anos, Chomsky é considerado o pai da linguística moderna. De acordo com sua teoria, chamada gramática transformacional, toda sentença inteligível contém não só suas regras gramaticais peculiares como o que batiza de ‘estruturas profundas’, uma gramática universal que serve a todas as línguas”.

Chomsky diz ser mais importantes as eleições de Evo Morales e Lula da Silva, na Bolívia e Brasil respectivamente, que a de Obama nos EUA. Diz também que a democracia americana é muito mais uma construção não-democrática, “um tipo de ditadura por escolha”, via marketing, do que uma democracia real, que conte com a “participação” do povo e não com a encenação de uma peça teatral, onde o povo só assista ao espetáculo.

Li uma entrevista de novembro de 2008, no caderno Mais da Folha, com o “medievalista” Hilário Franco Jr. sobre a ascensão do São Paulo Futebol Clube e do futuro do futebol. A teoria dele é de que o futebol é o retrato da sua sociedade. Aqui no Brasil, nós torcedores não teríamos a arrogância de uma nação vitoriosa ou imperialista como têm os torcedores ingleses ou argentinos.

Para mim, o mais "hilário" de tudo é o jornal ou o próprio dito-cujo chamar o "Hilário" de “medievalista”. É... tipo assim, bem pós-moderno e... medieval ao mesmo tempo!

É isso! Aprendi que guardar papeis para outra hora é algo ao menos hilário!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Meu filho colocou brinco

foto: Exposição Aeroporto de Confins MG - pintura rupestre Lagoa Santa. William Mendes
Meu filho colocou um brinco nesta quarta-feira. Ele tem 13 anos.

Eu coloquei brinco com uns 19 anos. Os tempos eram outros. Não era a maioria que usava brinco na minha época. Eram os anos oitenta.

É, o mundo anda acelerado em tudo. Mas as pessoas nunca desperdiçaram tanto conhecimento disponível com uma vida cotidiana repleta de tanta bobagem e inutilidades.

Isso me preocupa nos jovens de hoje. Não aproveitar o conhecimento para serem um pouco mais inteligentes no sentido pleno do ser humano.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

NOVILÍNGUA CRIADA PELO PIG NA GESTÃO LULA/PT: quando a linguagem é usada para destruir

Foto de William Mendes: fev/2010 (ao fundo, meu pangassius).
(Atualizado em 3/6/10)

"O nazismo se embrenhou na carne e no sangue das massas por meio de palavras, expressões e frases impostas pela repetição, milhares de vezes, e aceitas inconsciente e mecanicamente" (Victor klemperer)

(Lembrei-me dos termos criados pela oposição e pela midiaelite - PIG - no período da crise em 2005 e que estarão muito presentes em 2010. Se tornaram comuns os chavões "mensalão", "petismo", "petralhas", "lulla", "república dos sindicalistas", "CUT pelega", "CUT chapa branca" e outras construções para "acabar com essa raça por uns 30 anos" como disse um ex-senador da direita)

É PRECISO VENCER A IMAGEM DESVIRTUADA CRIADA PELA ELITE GOLPISTA EM 2005 sobre o PT e a CUT e que afeta ainda hoje a militância espalhada pelo país.

Eu insisto: usem diariamente a marca CUT e a estrela do PT, além da camisa do clube de futebol e da marca do jacarezinho (que ninguém deixa de usar mesmo).

Este BRASIL QUE AVANÇA como "nunca antes na história deste país" é fruto do projeto da classe trabalhadora, projeto gestado principalmente através da CUT e do PT desde os anos 80!

Nós temos que TER ORGULHO do que somos e não continuar aceitando a construção imbecil do PIG de que ser PETISTA ou SINDICALISTA ou CUTISTA seja algo ruim, pelo contrário. O PT e a CUT têm lado - ESTAMOS DO LADO DA CLASSE TRABALHADORA - e contra os patrões e a elite conservadora e golpista.

Estou lendo um livro LTI, a linguagem do Terceiro Reich - de Victor Klemperer, sobre a linguagem criada pelo nazismo e o efeito dela sobre os alemães durante o período de 1933 a 1945 e no pós-guerra. Estou me lembrando de vários filmes ou livros que falam sobre a questão da dominação imposta através da linguagem, no caso, linguagem visual ou linguística.

No filme Arquitetura da destruição, por exemplo, existem imagens das propagandas nazistas pregando contra os judeus e ficamos enojados quando as vemos. Mas isso continua tão comum e tão contemporâneo hoje quanto o foi desde que se passaram a usar os veículos de comunicação de massa do século XIX para o XX. São vários os exemplos TOTALITÁRIOS do uso dos meios de comunicação, tanto à esquerda, ao centro, ou à direita.

A dominação pelo uso dos meios de comunicação foi usada por Hitler no nazismo, como também o foi no fascismo, no stalinismo, no macarthismo da "democracia americana", nas ditaduras militares do Brasil e demais países latino-americanos. A própria REDE GLOBO NASCEU ACOBERTANDO A DITADURA. O GRUPO FOLHA cedia seus carros para SEQUESTRAR MILITANTES CONTRÁRIOS AO REGIME DE EXCEÇÃO DA DITADURA e por aí vai.

A minha lembrança DA CRISE DE 2005 é clara e cristalina quando recordo o PIG - Partido da Imprensa Golpista - tentando derrubar o governo Lula e massacrando diariamente EM UNÍSSONO o governo e o PT - Partido dos Trabalhadores - e a CUT - Central Única dos Trabalhadores.

Foram meses e meses em que todos os militantes sofriam diariamente só de pensarem nas capas que seriam criadas em todos os jornais e revistas semanais com mentiras e afirmações estapafúrdias e sem nenhuma prova factual, criadas sob medida para derrubar o governo do metalúrgico Lula da Silva, sindicalista CUTista e petista, legitimamente eleito pelo povo brasileiro. Foram campanhas golpistas como as que o PIG fizera outras vezes no século XX.

Aqueles donos do poder - os Frias do Grupo Folha, os Mesquitas do Grupo Estado, os Marinhos das Organizações Globo, os Civita do Grupo Abril e os coronéis que detêm TODOS os meios de comunicação regionais - criaram formas de ATAQUES CONCATENADOS E ORGANIZADOS contra o PT, a CUT e o GOVERNO LULA, ataques insuportáveis, que deixam sequelas na militância até hoje, INFELIZMENTE.

O BRASIL DE HOJE É FRUTO DE NOSSO PROJETO CUTISTA E PETISTA

-o maior salário mínimo da história
-mais servidores públicos concursados em todas as áreas
-mais vagas em educação pública em todos os níveis
-forte combate à corrupção
-respeito às instituições da democracia
-foco principal do Governo Federal nas classes mais humildes
-maior programa de inclusão social do mundo
-espaço para negociação com todos os segmentos da sociedade: sindicatos, associações, grupos temáticos

É por isso que estou em franca missão, desde o final de 2009, para que meus companheiros militantes, tanto CUTISTAS quanto PETISTAS, passem a brilhar a ESTRELA DO PT no peito e a MARCA CUT todos os dias do ano de 2010.

Como secretário de formação sindical dos bancários, convoco também nossos sindicatos a realizarem ações sindicais CUTistas todos os dias, estando NA BASE e ORGANIZANDO os trabalhadores para LUTAREM por MELHORES CONDIÇÕES DE TRABALHO E SALÁRIOS.

A CUT não é “movimento” nem é “panfletária”.

A CUT É SINDICAL, nós temos que organizar a classe trabalhadora e trazer conquistas arrancadas na mobilização!

SOMOS FORTES, SOMOS CUT!

William Mendes, sec. form. Contraf-CUT

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Corrida e caminhada carnavalesca

Foto de William Mendes, março de 2010. Ao fundo, meu pangassius preto.
Ontem caminhei uns 7 km e hoje corri 4 km na porta de casa.

Relembrando minhas aulas de educação física, avalio que preciso aumentar o meu metabolismo basal e para isso é necessário aumentar um pouco a massa muscular para queimar mais calorias diariamente sem alterar a dieta alimentar cotidiana.

E aí, eis a questão! Com a irregularidade que terei este ano em termos de rotina, como farei para aumentar minha massa muscular? Abdominais, flexões e coisas do gênero feitas em qualquer lugar em que estiver durante as semanas? E o cansaço diário que tenho sentido após minhas militâncias sindicais?

Não é mole não!

Leitura: Formação Econômica do Brasil, de Celso Furtado



Estudar nas horas vagas, um ato de prazer! (2015)

Iniciamos a leitura da segunda parte do livro de Furtado com Os Lusíadas, de Camões, porque estamos assistindo em panorama à Formação Econômica do Brasil, que tem relação umbilical com a nação portuguesa e os feitos iniciados com as grandes navegações.


CANTO SEGUNDO

32

"E, se se move tanto a piedade
Desta mísera gente peregrina,
Que, só por tua altíssima bondade,
Da gente a salvas pérfida e malina,
Nalgum porto seguro de verdade
Conduzir-nos já agora determina,
Ou nos amostra a terra que buscamos,
Pois só por teu serviço navegamos."

(Os Lusíadas, Luís de Camões)


Reli toda a segunda parte e a sensação foi a mesma da primeira leitura em 2009. Celso Furtado descreve como num filme, dois séculos brasileiros. Vemos a monocultura do açúcar nas regiões litorâneas, principalmente do Nordeste, vemos o início e avanço da pecuária para dentro do continente. Vamos comparando e observando as diferentes formas e consequências da colonização nas Américas por parte de portugueses, espanhóis, ingleses, franceses, holandeses.

Um aviso que acho importante. Furtado é um intelectual progressista e sua vida foi voltada para a busca de soluções econômicas e políticas para amenizar as agruras e misérias de seu povo brasileiro e sul-americano. Ao lermos os capítulos descrevendo a escravidão de índios e africanos, ficamos chocados com a descrição fria de números e modus operandi do processo econômico na colônia portuguesa. Mas não recrimino Furtado porque seu papel aqui é descrever os fatos históricos e econômicos.

Após a leitura, fiquei um instante na janela da sala, olhando para as árvores lá fora, e refleti que a formação ética, social e política dos cidadãos necessita de matérias voltadas para isso. Se lermos somente amontoados de leituras, com descrição da história mundial, dos povos, guerras, conquistas, massacres etc e não formos colocados a pensar a respeito das opções tomadas nesses episódios, algo estará faltando na formação política e ética das pessoas.


SEGUNDA PARTE

Economia escravista de agricultura tropical (séculos XVI e XVII)


VIII. Capitalização e nível de renda na colônia açucareira


Excertos e, quando necessário, alguns comentários.

"O rápido desenvolvimento da indústria açucareira, malgrado as enormes dificuldades decorrentes do meio físico, da hostilidade do silvícola e do custo dos transportes, indica claramente que o esforço do governo português se concentrara nesse setor".


ESCRAVIDÃO "JUSTIFICADA"

"A escravidão demonstrou ser, desde o primeiro momento, uma condição de sobrevivência para o colono europeu na nova terra. Como observa um cronista da época, sem escravos os colonos 'não se podem sustentar na terra' (Gandavo)."


ESCRAVIDÃO INDÍGENA

"O fato de que desde o começo da colonização algumas comunidades se hajam especializado na captura de escravos indígenas põe em evidência a importância da mão-de-obra nativa na etapa inicial de instalação da colônia".


RENDA DO SISTEMA FICAVA COM PROPRIETÁRIOS E COMERCIANTES

"Tudo indica, destarte, que pelo menos 90 por cento da renda gerada pela economia açucareira dentro do país se concentrava nas mãos da classe de proprietários de engenhos e de plantações de cana."

Porém, após Furtado compreender a importância central das etapas comerciais para colocar o produto açúcar nos mercados mundiais, evitando superproduções e esgotamento das demandas, ele revê sua tese dos 90 por cento da renda para os proprietários e afirma que parte da renda deva ter ficado com os comerciantes não residentes na colônia.

"Sendo assim, que não se haja repetido a dolorosa experiência de superprodução que tiveram as ilhas do Atlântico, confirma que houve excepcional habilidade na etapa de comercialização, e que era desta última que se tomavam as decisões fundamentais com respeito a todo o negócio açucareiro."

E conclui sobre a repartição das rendas entre proprietários e comerciantes:

"A explicação mais plausível para esse fato talvez seja que parte substancial dos capitais aplicados na produção açucareira pertencesse aos comerciantes. Sendo assim, uma parte da renda, que antes atribuímos à classe de proprietários de engenhos e de canaviais, seria o que modernamente se chama renda de não-residentes, e permanecia fora da colônia."


IX. Fluxo de renda e crescimento

Neste novo capítulo, o autor nos informa que desde o início da colonização de exploração em nosso país, "o empresário açucareiro teve, no Brasil, desde o começo, que operar em escala relativamente grande" e que "nas primeiras fases da operação, muito provavelmente coube ao trabalho indígena um papel igualmente importante".


FLUXO DE RENDA MONETÁRIA (uma aula de economia)

"Numa economia industrial a inversão faz crescer diretamente a renda da coletividade em quantidade idêntica a ela mesma. Isto porque a inversão se transforma automaticamente em pagamento a fatores de produção. Assim, a inversão em uma construção está basicamente constituída pelo pagamento do material nela utilizado e da força de trabalho absorvido. A compra do material de construção, por seu lado, não é outra coisa senão a remuneração da mão-de-obra e do capital utilizados em sua fabricação e transporte. Estes pagamentos a fatores, que são uma criação de renda monetária ou de poder de compra, somados, reconstituem o valor inicial da inversão".

E nos explica que "A inversão feita numa economia exportadora-escravista é fenômeno inteiramente diverso..."


ENTENDO PORQUE PARTE DA BURGUESIA TUPINIQUIM É TÃO RIDÍCULA

A elite brasileira, que considero uma das mais vira-latas do planeta, tem uma razão de ser. É a origem também vira-latas que ela tem.

"Vejamos agora, em seu conjunto, o funcionamento dessa economia. Como os fatores de produção em sua quase totalidade pertenciam ao empresário, a renda monetária gerada no processo produtivo revertia em sua quase totalidade às mãos desse empresário. Essa renda - a totalidade dos pagamentos a fatores de produção mais os gastos de reposição do equipamento e dos escravos importados - expressava-se no valor das exportações. É fácil compreender que, se a quase totalidade da renda monetária estava dada pelo valor das exportações, a quase totalidade do dispêndio monetário teria de expressar-se no valor das importações".

E explica uma possível vinculação até hoje dessa mania de relação com as metrópoles que a parte vira-latas da burguesia brasileira tem.

"O fluxo de renda se estabelecia, portanto, entre a unidade produtiva, considerada em conjunto, e o exterior. Pertencendo todos os fatores a um mesmo empresário, é evidente que o fluxo de renda se resumia na economia açucareira a simples operações contábeis, reais ou virtuais."


COMENTÁRIO:

A despeito das tentativas de industrialização, produção de valor agregado aos produtos brasileiros, as poucas tentativas de sair do estágio de exportador de commodities, tentativas estas realizadas em sua amplíssima maioria com Getúlio Vargas e Lula da Silva, criando um processo de distribuição de renda a partir do trabalho assalariado e o fortalecimento de um mercado interno no país, quase sempre, o que predomina no Brasil, é a visão tacanha de importar tudo de fora dos Estados Unidos e Europa, e mais recentemente da China, ao invés de valorizar o produto nacional.
NÃO HOUVE FEUDALISMO BRASILEIRO

Já li em diversos estudos, leituras diferentes entre estudiosos e historiadores, sobre ter havido ou não no Brasil algo como o feudalismo. Celso Furtado dá a opinião dele.

"O feudalismo é um fenômeno de regressão que traduz o atrofiamento de uma estrutura econômica (...). Ao inverso da unidade feudal, ela (a unidade escravista) vive totalmente voltada para o mercado externo. A suposta similitude deriva da existência de pagamentos in natura em uma e outra. Mas ainda aqui existe um total equívoco, pois na unidade escravista os pagamentos a fatores são todos de natureza monetária, devendo-se ter em conta que o pagamento ao escravo é aquele que se faz no ato de compra deste. O pagamento corrente ao escravo seria o simples gasto de manutenção, que, como o dispêndio com a manutenção de uma máquina, pode ficar implícito na contabilidade, sem que por isso perca sua natureza monetária".


ECONOMIA ESCRAVISTA AÇUCAREIRA RESISTIU ECONOMICAMENTE POR SÉCULOS

"A renda monetária da unidade exportadora, praticamente constituíam os lucros do empresário, sendo sempre vantajoso para este continuar operando qualquer que fosse a redução ocasional dos preços (...). A unidade exportadora estava assim capacitada para preservar a sua estrutura. A economia açucareira do Nordeste brasileiro, com efeito, resistiu mais de três séculos às mais prolongadas depressões, logrando recuperar-se sempre que o permitiam as condições do mercado externo, sem sofrer nenhuma modificação estrutural significativa".


COMENTÁRIO:

Com custo fixo baixo é que o sistema escravista se perpetuou por tantos séculos. Hoje, com processos de terceirização e uso de mão-de-obra quase escrava, empresas globais fazem exatamente o mesmo. tem empresa que produz tênis de marca por 1 (um) dólar e vende por centenas de vezes o valor de custo.


Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. In: Grandes Nomes do Pensamento Brasileiro. Publifolha 2000.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

No extremo do país levando as bandeiras da CUT

Cara! Estou no extremo do nosso país, Natal - RN, trazendo as bandeiras da Central Única dos Trabalhadores para os meus colegas bancários.

Estou na eleição dos bancários potiguares. Eu estou aqui porque acredito nos princípios da CUT como os melhores para a categoria que represento.

Estou cansado e com sono. Fui...

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Corridinha domingal

Foto de William Mendes: minhas lindas mamãe e vovó, mar/10.
Hoje, corri um pouco novamente e caminhei um bom percurso. Andei uns 7 km. Corri só 2 km com um ritmo firme.

Eu iria explicar um pouco sobre um estudo que li falando da composição de nossas fibras musculares, que se diferenciam entre haver mais fibras brancas em algumas pessoas e mais fibras vermelhas em outras.

As brancas são mais apropriadas a potência e velocidade e as vermelhas mais aptas à resistência. Mas, em geral, a diferença entre as pessoas não passa de cerca de 10%.

Mas, estou cansado e com sono, então... fica pra outra hora.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Corridinha sabadina

Foto de William Mendes: com meu sobrinho e afilhado em nov/09.
Com pouquíssima frequência - o que não é bom - corri hoje depois de dias parado. Mas, corri pouco, pois estou fora de forma.

Estou com "barriga de tanquinho" - só que tanquinho antigo, daqueles que têm a cuba além do batedor de roupa. Minha barrida é a cuba antiga (rsrs). Convexa, sabe?, a partir de quem vê. Côncava, pelo menos, a partir dos órgãos internos. Que maus!!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

A praga do bacharelismo!!


Fortaleza dos Reis Magos, Natal (RN), fev/10

Refeição Cultural

Leitura de Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda 

Capitulo 6 - NOVOS TEMPOS 

- Finis operantis 
- O sentido do bacharelismo 
- Como se pode explicar o bom êxito dos positivistas 
- As origens da democracia no Brasil: um mal-entendido 
- Etos e eros. Nossos românticos 
- Apego bizantino aos livros 
- A miragem da alfabetização 
- O desencanto da realidade 

Algumas palavras-chave escolhidas por mim no início do texto: 

- "Aptidão para o social" (?): aqui é diferente de ordem coletiva 
- apego ao personalismo 
- somos avessos às atividades motoras e monótonas 
- nossos "intelectuais" sustentam convicções díspares 
- apego a palavras bonitas e argumentos sedutores (só!) 

A PRAGA DO BACHARELISMO!! 

É fácil compreender o preconceito contra o presidente da república do Brasil (Lula) - um torneiro mecânico de origem - quando se lê o capítulo "Novos Tempos" de Raízes do Brasil

Nele, Sérgio Buarque nos explica a "Praga do bacharelismo", que também impera por aqui (ele cita os EUA em relação ao tema). 

Aliás, a tese também explica um pouco do porquê de as pessoas se formarem, pegarem o canudo e nunca exercerem a profissão. 

"Ainda hoje (1936) são raros, no Brasil, os médicos, advogados, engenheiros, jornalistas, professores, funcionários que se limitem a ser homens de sua profissão". Esses profissionais não buscam a realização do trabalho em si senão a satisfação pessoal: finis operantis ao invés de finis operis." 

"Ocupar cinco ou seis cargos ao mesmo tempo e não exercer nenhum é coisa nada rara". 

As citações parecem feitas hoje (2010), mas são de uma obra de 1936. Veja outro caso abaixo: 

"As nossas academias diplomam todos os anos centenas de novos bacharéis, que só excepcionalmente farão uso, na vida prática, dos ensinamentos recebidos durante o curso". 

Sérgio Buarque fala um pouco da questão de Max Weber e a ética protestante. Compara a visão católica do trabalho - castigo divino e razão de sustento - com a visão protestante. Nesta, o trabalho tem uma função de "chamado" e "vocação" (Calling, beruf) e também uma função ascética mesmo para os bem posicionados na sociedade. 

No caso das colônias, a questão do prestígio do "bacharéu", mesmo que fosse de qualquer coisa, já era vício na Corte portuguesa. Uma carta de bacharéu era o caminho para o alto cargo público. 

Nesta praga do bacharelismo está também a questão do "personalismo": tão nosso, tão brasileiro. 

"De qualquer modo, ainda no vício do bacharelismo ostenta-se também nossa tendência para exaltar acima de tudo a personalidade individual como valor próprio, superior às contingências (...) O que importa salientar aqui é que a origem da sedução exercida pelas carreiras liberais vincula-se estreitamente ao nosso apego quase exclusivo aos valores da personalidade". (atualíssimo!!) 

O APEGO À FRASE PRONTA, LAPIDAR 

"O prestígio da palavra escrita, da frase lapidar, do pensamento inflexível, o horror ao vago, ao hesitante, ao fluido, que obrigam à colaboração, ao esforço e, por conseguinte, a certa dependência e mesmo abdicação da personalidade, têm determinado assiduamente nossa formação espiritual". 


Bibliografia: 

HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. Companhia das Letras, 26ª edição, 27ª reimpressão 2007.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

"Mais bem" ou "melhor" informado sobre "mais bem" ou "melhor"


Abaixo, segue texto do professor Sírio Possenti, que me fez entender o que eu não tinha conseguido até então.


Quando "mais" não é "melhor"


Se o ensino separasse a prática linguística da teoria gramatical, poderia esclarecer dúvidas sobre expressões como "mais bem educado" e "melhor educado"

Sírio Possenti*

Discute-se muito (ainda) sobre ensino de gramática na escola. Em geral, entende-se por ensino de gramática um tipo de trabalho que deveria produzir como resultado que "melhorem" a fala e a escrita dos atingidos. Quando se diz que alguém não sabe gramática, em geral se quer criticar o fato de que alguém diz "menas gente", "as pessoa" ou "haviam pedidos".

É claro que casos assim têm relação com gramática, mas, tecnicamente, em sentido mais ou menos indireto, se considerarmos o que se estuda de fato sob esse rótulo - tanto na escola fundamental quanto nos cursos de pós-graduação. Nesses casos, mais do que corrigir, trata-se da análise de fatos, com base em uma metalinguagem (sujeito, predicado, passiva, infinitivo etc.) e por meio de operações de análise, de dissecação (sublinhe o sujeito, qual a função sintática de, como se distingue uma oração explicativa de uma restritiva).

Seria proveitoso dividir mais ou menos claramente a análise gramatical da prática linguística que deve seguir regras. Esta é regida por normas que são gramaticais, por um lado, mas também sociais ou históricas, como é o caso claro das regras e avaliações relativas a construções em desaparecimento e suas substitutas.

Bom exemplo são os usos e as análises do verbo "assistir": considerado só seu uso, não há muito sentido em "defender" as especificações que gramáticas e dicionários fornecem, já que médicos não assistem mais (eles tratam, operam), ninguém mais assiste (mora, trabalha) na rua tal. Em compensação, assistimos os jogos e os jogos são assistidos.


Regras reais

Se aceitássemos claramente tal divisão, poderíamos ter aulas de gramática que analisassem quaisquer construções (e as "erradas" são as que mais permitem aprender gramática, de fato). Poderíamos comparar, por exemplo, regras de concordância em uso efetivo; as diversas formas de orações adjetivas usadas de fato; o sistema pronominal de hoje e do passado; ou a conjugação popular (falada) com a culta (escrita).

Descobriríamos regras, no sentido de leis, como as de física ou genética, e não meros erros, em sequências como "livro pra mim ler" (aqui, "mim" só ocorre após "para", e o verbo que o segue está sempre no infinitivo) ou em construções como "menas gente" e "meia cansada" ("menos" e "meio" são flexionados só antes de termo feminino - talvez estejam mudando de classe gramatical). Fazer isso não implica necessariamente aceitar que essas construções devam ser escritas (em relatórios administrativos, por exemplo). É exatamente a gramática, em outro sentido, que impede que sejam aceitos. Mas então saberíamos analisar...

Esse aprendizado pode ser útil até para corrigir gramáticas. Todas cometem o mesmo erro em análises do adjunto adnominal em grupos como "meu livro velho". Consideram simplesmente que "meu" e "velho" são adjuntos adnominais de "livro", sem considerar que a organização de uma sequência como esta é mais complexa, é hierarquizada. Pode-se discutir se "meu" é adjunto de "livro velho" (há diversos "livros velhos" e "meu" especifica um) ou se "velho" é adjunto de "um livro" (há diversos livros meus, e "velho" especifica um), mas está errado dizer que os dois adjuntos ocupam a mesma hierarquia em relação a "livro".


Sequência

A tese fica mais clara em construções como "carne suína moída congelada": não é verdade que carne tem três adjuntos. O que ocorre é que carne é qualificada como suína, a carne suína é qualificada como moída e a carne suína moída é qualificada como congelada. Uma teoria que não consegue fazer isso não vale a pena! As gramáticas gerativas mostravam essa hierarquia em árvores, mas pode-se fazê-lo em construções parentéticas, que mostram bem essa hierarquia: [[[[carne] bovina] moída] congelada] - [meu [livro [velho]]] ou [[meu [livro]] velho].

Uma boa teoria gramatical, capaz de permitir observações adequadas, não pode decidir (porque esta decisão é social) se se deve dizer "melhor educados" ou "mais bem educados". Gramáticas e manuais ensinam que se deve dizer preferencialmente "mais bem" antes de particípios (mais bem treinados etc.).

Mas é relativamente fácil mostrar que a questão real não é essa. Que a construção não tem a ver (ou a questão não é decisiva) com a categoria à qual pertence a palavra seguinte. A verdadeira questão é a hierarquia interna da construção, a relação entre essas palavras.

Quem diz "melhor preparados" toma como base a construção: [[mais bem] preparados], em que "mais" modifica "bem": "mais bem" = "melhor".

Quem diz "mais bem preparados" toma por base outra construção: [mais [bem preparados]], em que "mais" modifica "bem preparados".


Escopo

Dada esta segunda organização, "mais" não pode afetar "bem"; apenas afeta "bem preparados". Por isso, não pode gerar "melhor", porque "melhor" parafraseia "mais bem", que aqui não existe.

Os linguistas dizem que, em um caso, "bem" está no escopo de "mais", e "mais bem" se transforma em "melhor". Em outros termos, "mais bem" é um constituinte. No outro caso, "bem" não está no escopo de "mais". O que está no escopo de "mais" é "bem preparados". Não sendo "mais bem" um constituinte, não há como surgir a forma "melhor".

Em um sentido de gramática, alguém poderia dizer que uma das construções está certa (porque algum escritor a usou) e que a outra está errada (porque só o povo e os distraídos usam). No outro sentido de gramática, diríamos que se trata de duas estruturas gramaticais diferentes, cuja natureza poderia ser mostrada. O uso de uma ou de outra terá ou não apoio das autoridades...


*Sírio Possenti é professor associado do departamento de linguística da Unicamp e autor de Os Humores da Língua (Mercado de Letras)

Fonte: Revista Língua Portuguesa